A Inteligência Emocional baseia-se na leitura das emoções que são reações da nossa troca com o mundo. E em situações de crise, é essencial compreendê-las, ao invés de ignorá-las. Então primeira regra: não ignore suas emoções, use-as a seu favor.
Segundo Brené Brown, é na vulnerabilidade que encontramos a nossa força, são nesses momentos difíceis que descobrimos potencias que nem imaginávamos possíveis, quando nossas emoções ficam mais intensas. E a realidade que estamos vivendo hoje, com meses de isolamento social e pandemia é uma experiência mundial inédita.
Estudos mostram que casos de ansiedade e estresse dobraram neste período, já os casos de depressão tiveram aumento de 90%. Junto a isso, os recursos financeiros para buscar ajuda profissional ficaram restritos e o sistema de saúde é precário para assistência emocional.
A pandemia tem sido um momento de rever as prioridades profissionais e pessoais. Em gestão de crise, onde o futuro é incerto a cada dia, pensar a longo prazo pode gerar ansiedade, então procure focar no que está no seu controle e mais a curto e médio prazo.
Fica evidente uma oscilação emocional, que a gestão de crise desperta, como frustração, tristeza, ansiedade, preocupação, esperança e por aí vai. E o conceito de Inteligência Emocional, pode nos beneficiar através da compreensão das nossas emoções e como lidar com elas. Este equilíbrio é sinal de maturidade para lidar com o imperfeito. Segue algumas dicas:
Corpo e mente, uma comunicação inteligente
As emoções transcendem e conversam com nosso corpo através de sinais que podemos identificar quando estamos conectados e atentos. Sinais como batimento cardíaco, sudorese, aquela sensação de frio na barriga, tontura, vermelhidão nas bochechas, dor de cabeça, tensão muscular. Temos também os sinais emocionais como irritabilidade, desmotivação, apatia, preguiça, entre outros. Preste atenção e entenda ao invés de só reagir.
Resiliência e adaptação ao novo momento
A resiliência consiste na capacidade de se reerguer mediante um impacto. E talvez esta habilidade seja a mais necessária para este momento, considerando que somos obrigados a lidar com mudanças a todo momento. Lembre-se de que essa situação é temporária, a pandemia não será eterna. Você vai ter que sair da sua zona de conforto, lidar com novos conflitos, assumir responsabilidades diferentes e ter uma nova rotina. Será tempo de construir novos padrões e não de ficar em “luto” de como era antes. Atenção: ruminar pensamentos de lamentação bloqueiam tua capacidade de adaptação e criatividade.
E a capacidade de se adaptar é necessária para toda a sua vida e em várias áreas dela como profissional, pessoal, conjugal, e todos os demais papeis sociais que exercemos.
Resumidamente, hoje em dia percebe-se uma tendência de evitar o contato com emoções negativas (cuidado com o excesso de positivismo), o que limita nossa inteligência emocional. O ideal é que você não reprima e nem externaliza demasiadamente suas emoções, mas use como sinalizadores de atitudes, de que algo precisa ser ajustado, trabalhando o seu autocontrole.
Mas como?
- Elimine gatilhos negativos ao seu redor (perceba o que te gera emoções negativas)
- Foque na respiração (ela tem o poder de acelerar e desacelerar seus batimentos cardíacos e controla a oxigenação cerebral, liberando sua capacidade de raciocínio e criatividade)
- Questione-se: essa reação que estou tendo é realmente necessária e condiz com a realidade? Se for, lide com a realidade. Mas se a sua resposta for não, adeque a sua resposta emocional a situação real (sem minimizar ou exagerar!)
A autocompaixão também é fundamental. Entenda que é extremamente normal termos dias com mais ou menos energia e tudo bem. Esse é o momento de priorizar aquilo que te faz bem e, se você não sabe, é hora de descobrir.
Na frase de Nelson Mandela: “O que separa uma pessoa da outra não é simplesmente aquilo com que nascemos ou recebemos, mas sim o que fazemos com isso”. Foque no agora, identifique suas imperfeições e lute para melhorá-las. Não brigue com a realidade da pandemia, ela está aí e está além de nós, foque no que está no seu controle, VOCÊ! Aceite o que não pode mudar e mude o que não pode aceitar!
Texto por: Psicóloga Márcia Sessegolo